quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Doce maçã

...Nasceu!

Acho que essa foi a palavra mais dolorosa que meus pais ouviram depois que eu nasci. É meio difícil de acreditar, mas nasci como uma criança normal dei meus primeiros passos como um menino normal, falei minhas primeiras palavras como um menino normal e brincava como um menino normal.

Foi no meu aniversário de sete anos com todos os meus amigos da escola e parentes, que meus pais começaram a perceber que eu tinha alguma coisa de diferente das outras pessoas, mas se levaram pela hipótese de que não tinha nada de errado. Cheguei aos meus 16 anos com esse problema sem tratamento, os colegas da escola me chamavam de maluco por ficar no meu canto e falando sozinho. Foi aí que meus pais deram conta que eu era especial, mas eles não aceitavam muito essa história de eu ser “especial”. Os sintomas ficaram mais fortes, a tal ponto de eu falar com tudo a minha frente, então meus pais resolveram me levar no psicólogo. Era estranho eu conversar e desabafar com uma pessoa que eu nunca havia visto na vida, me senti sufocado, mas consegui sobreviver a primeira visita.

No dia seguinte, levantei da cama muito agitado, desci as escadas e notei que havia três maçãs sobre a mesa, resolvi pegar uma para experimentar, dei a primeira mordida e percebi o quão doce era, de repente toda aquela agitação que havia ido embora. Então, por onde eu andava sempre me lembrava daquela maçã. Quando levei uma maçã pra escola, os colegas me “zoavam” por eu estar levando uma fruta pra escola, mas era o que me acalmava e me fazia bem. Nesse mesmo dia uma menina se aproximou de mim e começamos a conversar – eu me sentia tão calmo conversando com ela. Conversávamos todas as manhãs, estudamos juntos por três anos, nos formamos juntos, entramos pra faculdade, noivamos e finalmente nos casamos. E na nossa vida de casado, ela sempre me acalma com sua doce voz e com uma doce maçã.